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Pregões de Lisboa - As leiteiras

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A leiteira, em Lisboa, a pregoar o seu leite! Lisboa de pregões sonora e linda, Lisboa de pregões, linda e sonora, Frases cantantes de saudade infinda, Vozes que a chama da alegria cora. Os pregões de Lisboa - cantilena, Notas confusas de pregões sem fim, Alguns chorosos, trémulos de pena, Outros vibrando em notas de clarim. Duas simples palavras sem enfeite - Mas numa voz de tal suavidade! - A adorável meiguice do «iá leite!» Adorável de graça e de saudade. Quem tão doce pregão cedo apregoa Na rua triste, quási sem ninguém? É a varina , a leiteira de Lisboa, De pés bem feitos, nús, pisando bem! Como é graciosa e linda!... E com que planta Corre essas ruas de Lisboa inteira. Tem raça grega - é neta da Atalanta, Essa escultura viva, essa leiteira! Martinho de Brederode Fonte: " Ilustração Portuguesa ", nº381 - 1913 As leiteiras de Lisboa No início do século XX, as leiteiras eram figuras conhecidas e essenciais nas ruas de Lisboa. Mulheres corajosas

A vendedora de refrescos - tipos de Lisboa (1905)

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Tipos de Lisboa - a vendedora de refrescos «Ilustração Portuguesa", nº102 - 1905 No início do século XX, Lisboa era uma cidade em constante movimento e desenvolvimento. Ruas de paralelepípedos ou de calçada à portuguesa, cheias pessoas apressadas que buscavam alcançar os seus objetivos diários. No meio desse cenário agitado, havia uma figura marcante e muito apreciada pelos lisboetas: a vendedora de refrescos. No calor escaldante do verão, quando não existiam tantas opções de refrigeração como hoje, os refrescos eram a salvação para aliviar o calor e a sede das pessoas.  E era nesse contexto que a vendedora de refrescos, carregando cântaros e outras vasilhas com bebidas frescas, caminhava pelas ruas de Lisboa. Com habilidade e destreza, ela tudo transportava à força de braços, chamando a atenção de todos com o seu pregão característico: "Água fresquinha! Limonada deliciosa! Venham refrescar-se”. A sua voz, doce e melodiosa, ecoava pelas esquinas, anunciando a che

Os perus do Natal

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Tipos populares portugueses: O homem dos perus Des. de Saavedra Machado No Álbum de Esmeralda Saavedra Machado Não é preciso a folhinha do Borda d'Água , nem espreitar, desfolhando, as pétalas do pequeno bloco do calendário, que como as de uma rosa qualquer, de jardim cuidado e mimoso, ou de sebe de caminho estriado, vão caindo e morrendo - dia a dia caindo, no espaço lento dum ano para reconhecer as passadas do velho Natal que se aproxima, que na época própria vem bater-nos à porta... É este glu-glu monótono dos perus que passeiam preguiçosamente pelas ruas de Lisboa que nos anuncia o Natal . Quando os perús aparecem, quando o saloio, carapuço à banda, calça apertada nos canelos, os traz daí dos arredores à ponta da sua vara, e o apregoa ao apetite dos alfacinhas felizes - é porque o dia de Natal não anda longe! Natal! Natal!... E a gente a ouvir este glu-glu monótono e tristonho lembra-se da nossa infância, dos natais da nossa terra, que compreendíamos e amávamos melhor

Profissões e trajes de Lisboa antiga (1938)

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O fim do Mercado de São Bento – Lisboa (1938) “O velho Mercado de São Bento vai desaparecer para dar lugar a coisas mais belas e oportunas. Com 57 anos de idade - completou-os no dia 1 de janeiro - não pode dizer-se que morre muito criança. Para um mercado que não evoluiu é a decrepitude. (...) No terrado podiam instalar-se centenas de vendedores com as suas mercadorias. Davam entrada para o Mercado três vistosos pórticos de ferro que os críticos de há meio século classificaram de «incontestável beleza». Na parte central havia um pequeno jardim triangular em cujos vértices haviam sido colocados marcos fontenários para serventia pública. Nada ali faltava. O Mercado era um verdadeiro mimo, e como tal deveria ser considerado pelos moradores do sítio. Encontravam-se ali lugares de frutas, hortaliças, aves, carne, peixe, bebidas e toda a espécie de víveres tabacos, louças, objetos de vestuário, calçado e muitos outros artigos. Quem é que se não lembra ainda do homem das

O catraeiro - Tipos portugueses

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O catraeiro "É o descendente do barqueiro que andava em todas as canções poéticas de há cem anos. Um bravo que tinha pelo mar uma paixão, tipo romântico que se filiava na legenda dos gondoleiros de Veneza. Usou barrete vermelho à Frígia , veio do norte, de alguma colónia à beira mar, encher aqui a missão de passar para o outro lado do rio fidalgos e moçoilas nos dias de círios ricos . Não levava mercadorias no seu batel engalanado, deixava isso às embarcações de.... Ele vivia de conduzir gente para as festas e para a margem bela da Outra Banda . Depois vieram os vapores e o barqueiro entrou a topar tudo. Deixou as vestes românticas, fez-se prático, o batel entrou a ser catraio e ele a fazer todos os transportes. Agora raramente leva gentes às festas, vive de conduzir fardos para bordo dos navios que não atracam aos paredões das doces. É um misantropo. Mal fala, como se tivesse saudades doutros tempos ou como se esperasse o fim da profissão com alguma nova ideia

O «Rancho Vapor» da Figueira da Foz (1909)

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«Rancho Vapor» da Figueira da Foz "Nos dias 27,28 e 29 de junho [1909], apresentou-se no jardim de estrela, nas festas promovidas pela Associação da Imprensa , a favor do seu cofre das viúvas e órfãos, o célebre Grupo do vapor , da Figueira da Foz , composto de 90 figuras, e que vinha precedido de uma excelente reputação, não só como executante dum reportório notável e variadíssimo, mas ainda como muito dedicado por tudo quanto represente acção caritativa, pois se presta sempre a colaborar em festas de beneficência, guardando para si apenas a satisfação de ter concorrido para o alargamento de benefício a conseguir. E assim procedeu para com o cofre das viúvas e órfãos dos jornalistas pobres, porque obsequiosamente se prestou a abrilhantar as referidas festas em três apresentações sucessivas, exibindo um reportório que foi entusiasticamente aplaudido. O Grupo do vapor foi realmente um dos números do programa daquelas festas que mais agradou. Apresentado sobre um vasto e be

Venda de perús pelo Natal, em Lisboa (1909)

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As vítimas do Natal (Cliché Benoliel) "Ilustração Portuguesa", nº201 - 1909 As vítimas do Natal “Quando os perus aparecem, quando o saloio , carapuço à banda, calça apertada nos canelos, os traz daí dos arredores à ponta da sua vara, e o apregoa ao apetite dos alfacinhas felizes - é porque o dia de Natal não anda longe! (…) E o pregão , longo e nostálgico, do homem dos perus, acorda dentro do nosso coração uma doce saudade, uma saudade velhinha, em que há ainda o sorriso duma criança, que era quási da nossa idade, e que pela sua inocência, pela sua ternura, pela sua idade humilde, era mais do que um amigo, era mais do que um irmão!... (…) Ó homem dos perus, canta com mais alegria o teu pregão e com essa vara enxota o teu bando nostálgico de maneira que ele não anda tão arrastadamente por essas ruas e não gorgoleje com tanta nostalgia o seu glu... glu... Dá-nos a ilusão de que todos, na noite de Natal, os pobres e os doentes, tenham, como os ricos, também o peru nas

Descarga do peixe na Ribeira Nova - costumes lisboetas

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Costumes lisboetas - Na Ribeira Nova: descarga do peixe «Ilustração Portuguesa», nº11 - 11 de Janeiro de 1904 Sugestões: Costumes Lisboetas - A Peixeira / Varina Uma Tricana de Coimbra com xaile e lenço na cabeça! As varinas nos quadros de Manuel de Macedo

O andador das almas - Tipos de Lisboa

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O andador das almas De entre os tipos que Lisboa tem visto desaparecer do seu seio, pode-se bem notar o andador das almas , que muito raro se encontra hoje. O último exemplar que conhecemos desta espécie foi na igreja dos Mártires, e esse exemplar era muito semelhante ao tipo que Manuel de Macedo , num momento de bom humor, desenhou despretensiosamente no seu álbum, de que nos forneceu uma cópia. Nós saboreamos essa cópia como bom tipo cómico que é, e como documento arqueológico digno de se arquivar, para que enfim se não percam completamente as tradições dos costumes portugueses, costumes que são o característico de um povo, a expressão de uma época que passou. Andador das almas foi ofício rendoso, mas os tempos principiaram a correr-lhe mal, desde que os devotos foram desaparecendo, e que na escudela já não se juntava uma aluvião de moedas de cinco réis, ali depositadas em cumprimento de promessas fáceis de fazer e económicas de cumprir. Sim, é preciso que se saiba que havia

A Feira das Mercês no Domingo, 16 de Outubro de 1904

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  Um aspecto da Feira das Mercês (Outubro 1904) É a mais importante feira do distrito de Lisboa e embora os mercados de gados e vários produtos não tenham na região da Estremadura nem pitoresco nem o valor das feiras minhotas e alentejanas, estas impõem-se pela variedade de tipos arrabaldinos que ali concorrem. Vêem-se carros de todos os feitios, veículos quase pré-históricos arrastados por alimárias de todas as idades, homens que discutem, mulheres de tipos vistosos que se apeiam no local da feiras, ranchadas que se metem nos campos devorando as merendas. À mistura, um ou outro lisboeta curioso do pitoresco e dum (...) que ri e vê as transações, que contempla aquelas fileiras dos vendedores de frutas e dos leitões assados e se retira à noite, na boa paz, num comboio rápido que silva e o deixa no Rossio. As feiras são uma maneira de animar o comércio de pequenas vilas, de lugarejos de mínima importância e Feira das Mercês vão com efeito grande número de negociantes de muitas

Feira do Campo Grande - Lisboa (1923)

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Feira do Campo Grande Um aspecto da feira anual do Campo Grande realizada esta semana e em que se fizeram importantes negócios de gado, chegando a vender-se por 10 contos a junta de bois que figura na nossa gravura. «Ilustração Portuguesa» - nº922 - 20 de Outubro de 1923 Sugestões Cenas do Minho - um carro de bois Festas de Junho em Amarante (1919) Os Campinos - quadro de Silva Porto

Tipos das ruas de Lisboa - século XIX | Trajos Portugueses

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  Saloia que vende leite (1809) Carapuça de veludo negro com volta de pano amarelo. Lenço de cor, assente sobre a carapuça. Vasquinha e saia de baetão vermelho. Botas grossas de cabedal branco. Medida e cântaro de barro. Rapaz vendendo água fresca (1806) Cabeça guedelhada. Chapéu negro, bicórnio. Camisa tufada. Lenço ao pescoço listrado; casaco e calções de surrobeco castanho. Pernas nuas, chinelos. Nas mãos, uma bilha de barro fino, com a rolha provida de duas canas por onde sai a água e dois cálices de pé alto, com lavrados. Rapariga da classe média (1814) Penteado de marrafas. Lenço de mousseline com as pontas cruzadas sobre o queixo ou sobre o peito. Capote (josézinho) de baetão vermelho com canhões de veludo negro ou azul escuro. Vestido império, um pouco decotado. Meias brancas, chinelinhas de marroquim vermelho.  Alberto Sousa Fonte: "Terra Portuguesa" – nº1 - Fevereiro de 1916

As varinas de Lisboa vendem cantando pregões!

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  A varina de Lisboa “Lisboa conhece-a e ama-a porque ela é trabalhadora e a acorda com os bons dias dos seus cantados  pregões . Começa de pequenina na faina e para ela o trabalho não é um fardo. Fá-lo alegremente correndo as ruas. Não há rua que não tenham atravessado vendendo o peixe, a fruta, os alhos, a hortaliça, garganteando o pregão, com os chapelinhos redondos sobre os quais pousa a sogra, na qual assenta todo o carrego. Chegam a ser pesos enormes os que transportam, que as ajoujam, ou as  grandes gigas  onde as pescadas jazem, as  canastras  das  sardinhas prateadas , ou cheias de frutas de todas as estações, as peras, as maçãs, os figos lampos, que elas vendem todos os dias, de manhã à tarde, algumas ainda pela noite adiante, com as suas cestas de marmelos assados no forno.” "A varina também carrega areia, tijolos e carvão nos cais de Lisboa . Quando não há peixe, quando falha a fruta, ela não hesita: vai carregar a areia, os tijolos, o carvão nos cais. Carre

A barca: tipo de embarcação tradicional do rio Tejo

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A atestar a antiguidade das barcas como modelo de embarcação tradicional, o brasão da cidade de Lisboa reproduz a que, em 1173, por ordem de D. Afonso Henriques , transportou as relíquias de S. Vicente , do Promontório Sagrado ou seja, do Cabo de S. Vicente para Lisboa . Ao tempo do imperador Diocleciano, foi movida intensa perseguição aos cristãos na Hispânia, tendo muitos deles sido martirizados como sucedeu com Máximo, Veríssimo e Júlia. Também Vicente de Saragoça veio a ser martirizado por se recusar a venerar os deuses pagãos oficializados pelo Império Romano, tendo sido morto no ano 304.  Apesar da imensa popularidade de Santo António que leva os lisboetas a saírem à rua para o festejar, é S. Vicente o padroeiro da cidade e está representado na sua heráldica também através da presença dos corvos que alegadamente velaram as suas relíquias quando estas foram transportadas para Lisboa. Com efeito, a História revela-nos e a heráldica representa um tipo de embarcação tradicio

Varinas na lota da madrugada

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Se Rembrandt voltasse... Formoso estudo fotográfico Varinas na lota da madrugada pelo distinto amador João Martins ("Ilustração" - nº 120 - 16 de Dezembro de 1930) As gentes de Ovar ou ovarinas "A essa gente ovarina haveria de, com o decorrer do tempo, associar-se a designação de varina, nascida por corruptela do respectivo gentílico .  Esta foi, seguramente, uma das mais importantes migrações internas verificadas antes da era industrial, pois o grande êxodo das zonas rurais do interior para a cidade apenas se regista a partir de meados do século XIX. À medida que a colónia ovarina foi crescendo em número, os negros que habitavam o bairro foram desaparecendo até que, no século XIX, o antigo topónimo foi abandonado e substituído pela sua actual designação, tomada da antiga rua da Madragoa, actualmente denominada por rua do Vicente Borga." Ler+

Oh! Pés que andam descalços!!...

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Oh! Pés que andam descalços!!... (Lisboa - 1928) Pé lépido e fresco, ao léu, calcoriando ruas e vielas desta velha Lisboa , ninguém mais adrega de te pôr a vista em cima. Ovarinas e gaiatos , ardinas e colarejas , tudo sofre a municipal ordem de encerrar os pés em estojos os mais variegados, podendo, pela variedade, constituir o recheio do mais pitoresco e completo museu de coisas sem serventia. As nossas fotos representam, « à Marinetti », alguns momentos típicos desta grande tragédia de andar calçado; as que têm sapatos e os trazem nas mãos como... documento para satisfação policial (1, 2 e 7), as que têm os pés chagados de tanto conforto da civilização (3, 5 e 7) e, finalmente, os momentos de alívio em que, pelos cantos da Ribeira , as ovarinas , com grandes suspiros, atiram para longe os velhos chinelos e deixam ao léu, lépidos e frescos, os pés descalços que a lei proíbe  (4 e 6). (Fotos inéditas e esclusivas da «Ilustração») Fonte: «Ilustração», 3º ano - número 68 - 16 de Outub

Tipos portugueses no Mercado 24 de Julho - Lisboa (1909)

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  Tipos portugueses no Mercado 24 de Julho - Lisboa

Bairro Estrela D'Ouro - Lisboa

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Bairro Estrela D’Ouro O Bairro Estrela D’Ouro é uma antiga vila operária que um galego, proprietário de uma indústria de confeitaria, mandou construir para os seus trabalhadores, muitos dos quais também galegos a viverem em Lisboa.  Fica situado no Bairro da Graça , junto a Sapadores e ao magnífico miradouro da Senhora do Monte . A estrela que constitui um dos símbolos da Galiza em alusão ao “ campo de estrelas ” de onde deriva o topónimo Compostela é recorrente em todo o bairro ao qual, aliás, lhe dá o nome. A construção deste bairro marca uma época em que a presença da comunidade galega era particularmente notável, traduzida não apenas no elevado número de galegos a viver em Lisboa como ainda a então muito concorrida Romaria de Santo Amaro com o seu folclore característico e a criação da Xuventude da Galicia – Centro Galego de Lisboa . Fotos de Carlos Gomes O Bairro Estrela D'Ouro na Wikipédia